quarta-feira, 17 de junho de 2009



Em uma noite, caminhava por uma rua fria e observava os velhos e inquietantes apartamentos do meu pensamento. O vento soprava frio, parecia que todas as partes do meu corpo iriam se quebrar em cacos de vidro. Meu moletom e minhas luvas não eram suficientes para suportar, resolvi me aproximar de um velho apartamento. A porta era em madeira maciça, as fechaduras saiam da boca de um leão em aço e eram pesadas como jumbo, as paredes mostravam o cansaço e dava um ar medieval ao velho apartamento. Por muito tempo pensei, mas estranho era pensar dentro de um pensamento, porém aquilo era muito mais que um pensamento e como um impulso minhas mãos se fixaram pela fechadura e por uma breve impressão ouvi os destrancar das fechaduras, pareciam mil barras de aço por trás da porta se destravando lentamente. Ao entrar, pensei estar dentro de um castelo, seu grande lustre iluminava todo o lugar, havia pilastras com escrituras, no final da sala uma grande escada em tapete vermelho da qual reparei uma mulher com um longo vestido vermelho, mas havia algo a mais sobre suas costas, havia a cor branca e iluminava como fogo. Ousei caminhar até ela, ao passar devagar sobre as pilastras ouvia sussurros e eles vinham das escrituras cravadas nas pilastras. Ela não teve a mesma ousadia e continuo de cabeça baixa, a cada passo que me aproximava meu coração batia cada vez mais forte, era como eu a conhece-se a anos. Estava a seis passos da mulher e consegui enxergar o que estava sobre suas costas, oh meu Deus eram asas e elas brilhavam como diamante, seu vestido era vermelho vivo como sangue. Ousei dar o quinto passo e foi como se injetasse
adrenalina sobre minhas veias, meu coração começou a bater mais forte e eu conseguia escutar suas batidas. Ousei dar o quarto passo, fiquei incrédulo, meu corpo formigava e eu escutava entre as batidas do meu coração vozes doces que vinham cada vez mais alto das pilastras. Pensei em desistir, mas ousei o terceiro passo e a mulher levou as mãos a face e continuo de cabeça baixa, meus pés formigavam e eu conseguia identificar o que as vozes diziam sobre as pilastras:
"O amor não se vê com os olhos mas com o coração."
Elas estavam recitando Shakespeare, as palavras entravam como uma flecha no meu peito, e causavam uma dor gostosa de sentir, a cada repetição "Amor", "Coração" eu me sentia mais próximo da mulher a minha frente. Ousei o segundo, e ela se levantou, o brilho de suas asas me cegaram e me fizeram ficar de joelhos, perdi a força, não sentia meu corpo e meu coração batia mais forte do que nunca. Tombando de peito para frente, ousei o ultimo passo e minha visão voltou, meu coração tornou a voltar nas batidas leves, me sentia aquecido, as vozes já não recitavam o trecho do poema, lentamente levantei e ela já não estava lá, no lugar existia apenas um papel, no qual estava escrito em sangue:
"O amor não se vê com os olhos mas com o coração."



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