segunda-feira, 8 de junho de 2009


As lagrimas de Raquel correram sobre a face de menina. Consegui enxergar através de suas palavras a dor de uma perda, mas apenas enxerguei. Sentir? Não, a dor era dela, única e só ela era capaz de sentir a imensa falta no coração. As lagrimas de Raquel fizeram sentido, como foi doloroso imaginar o rosto de menina encharcado por lagrimas, são fardos, cansaço e um imenso vazio. Bem era o que consegui enxergar, a distancia foi o suficiente, adquiri no meu coração uma dor minha, a dor da saudade. Deveria ter me importado mais, eu a cativei e isso me torna responsável por ela. Ao meu monologo desejei com toda a força que o tempo parasse, que a vida me desse asas e através da vontade de estar, que eu estivesse, e quando tudo isso acontecesse, me depararia de frente a um anjo que carregava em suas costas um fardo pesado e aos seus olhos castanhos com inocência o desenrolar de lagrimas, nas lagrimas o reflexo da saudade e do imenso vazio que escorregava entre os dedos o fio da vida, e caindo lentamente no abismo de duvidas as lagrimas ao tocar os lábios formava uma musica melancólica, a qual o titulo seria, aonde esta ele agora? E me aproximando, retirei de dentro do meu casaco uma caixinha, dentro da caixinha haveria um lenço, não era um lenço qualquer, nele eu colecionava todas as minhas lagrimas, e a partir daquele momento assumi que todas as lagrimas de Raquel seriam minhas. Eu poderia chorar junto com ela, mas seguraria por algum tempo, para melhor suportar a dor de suas asas quebradas, ganharia mais auto-estima e levaria todo o peso do seu fardo sem me queixar. Diante de Deus somos anjos e temos asas para voar, mas a vida é real e se você não acreditar em conto de fadas e na pureza dos sentimentos, suas asas são arrancadas e caímos de uma forma da qual muitos não se levantam. Eu acreditei na pureza das palavras de Raquel, minha princesa dos meus contos de fadas, meu anjo, minhas asas. E assim ficou, minha caixinha na mão do anjo e isso foi uma certeza, e essa certeza é a que a partir daquele momento, eu colecionaria todas as lagrimas de Raquel, sendo assim, uma parte de mim.


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